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    Cover of Verity (Colleen Hoover)
    Novel

    Verity (Colleen Hoover)

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    Capí­tu­lo Dois mar­cou o iní­cio da fase mais inten­sa da min­ha lig­ação com Jere­my, algo que me pega­va despre­veni­da até nos detal­h­es mais triv­i­ais do dia. Tudo nele era ali­men­to para min­ha alma: o som da sua risa­da, a firmeza da sua pre­sença e até a maneira como me olha­va com nat­u­ral­i­dade. Não era ape­nas amor; era uma dependên­cia emo­cional que se con­fun­dia com sobre­vivên­cia — como se meu cor­po tivesse sido pro­je­ta­do para fun­cionar somente quan­do ele estivesse por per­to.

    Mes­mo quan­do Jere­my se mudou tem­po­rari­a­mente para Los Ange­les, con­tin­uei viven­do como se ele ain­da estivesse comi­go. Min­has noites eram preenchi­das por fan­tasias em que seu toque sub­sti­tuía a ausên­cia dele. Ninguém jamais soube o quan­to eu me des­do­bra­va para man­ter o con­t­role, fin­gin­do lev­eza enquan­to me que­bra­va em silên­cio entre trav­es­seiros vazios e chamadas de vídeo que ter­mi­navam cedo demais.

    A solidão trouxe algo ines­per­a­do: inspi­ração. Come­cei a escr­ev­er sobre ele, ou mel­hor, sobre um reflexo dele chama­do Lane — um per­son­agem que me per­mi­tia con­tin­uar tocan­do Jere­my sem pare­cer obceca­da. Em poucos meses, trans­formei min­ha saudade em um romance com­ple­to, como se cada lin­ha escri­ta devolvesse uma parte da min­ha sanidade. Na ausên­cia físi­ca de Jere­my, min­ha mente encon­trou out­ro modo de man­ter viva nos­sa história, ain­da que dis­farça­da sob a ficção.

    O dia em que ele voltou de sur­pre­sa foi um divi­sor de águas. Jus­ta­mente quan­do ter­minei de revis­ar a últi­ma pági­na do man­u­scrito, ele entrou, e min­ha reação foi uma mis­tu­ra de ner­vo­sis­mo e eufo­ria. Esta­va tão feliz que engoli o orgul­ho jun­to com tudo o que mais viesse, lit­eral­mente — uma metá­fo­ra viva do quan­to eu esta­va dis­pos­ta a agradá-lo.

    Ain­da assim, min­ha maior vul­ner­a­bil­i­dade não foi o ato ínti­mo, mas deixá-lo ler meu tex­to. Tive medo de não estar à altura do que ele esper­a­va de mim, como se um jul­ga­men­to ruim sobre min­ha escri­ta pudesse abalar a base do nos­so rela­ciona­men­to. Mas sua reação me sur­preen­deu e me emo­cio­nou pro­fun­da­mente: ele se apaixo­nou tam­bém pela auto­ra em mim, não só pela namora­da.

    Ouvir de Jere­my que eu era bril­hante teve mais impacto do que qual­quer declar­ação físi­ca. Era a primeira vez que alguém lia algo que eu havia escrito com o coração escan­car­a­do, e ele não ape­nas gos­tou — ele se viu ali. Foi esse momen­to que me trans­for­mou: de alguém que depen­dia de out­ro para viv­er, para alguém que tam­bém tin­ha algo a ofer­e­cer, algo valioso, vin­do de den­tro.

    Depois dis­so, tudo mudou entre nós. A admi­ração se somou ao amor, e ele pas­sou a ver em mim não ape­nas a mul­her que o dese­ja­va, mas tam­bém a artista que cri­a­va mun­dos com palavras. Talvez por isso o pedi­do de casa­men­to ten­ha vin­do na sequên­cia, num momen­to ínti­mo onde o dese­jo e o orgul­ho se mis­tu­ravam. Para ele, não era só paixão: era respeito, era parce­ria, era a certeza de que havia algo maior sendo con­struí­do.

    O que sen­ti naque­la noite foi difer­ente de todas as out­ras. Era como se final­mente fôsse­mos com­ple­tos — dois cor­pos, duas mentes e duas almas fun­cio­nan­do em sin­to­nia. Cada toque vin­ha car­rega­do de promes­sas, e quan­do ele disse que que­ria casar comi­go, pare­cia mais uma cel­e­bração da min­ha evolução do que uma sim­ples pro­pos­ta.

    Nos dias que se seguiram, con­tin­uei escreven­do. Não mais ape­nas para amenizar a ausên­cia de Jere­my, mas porque desco­bri o poder que havia den­tro de mim. Ele me fez enx­er­gar algo que eu ain­da não sabia que exis­tia: meu tal­en­to, meu val­or e min­ha voz.

    Des­de então, apren­di que amor ver­dadeiro não é ape­nas aque­le que com­ple­ta, mas o que tam­bém inspi­ra. Jere­my fez mais do que me amar — ele me rev­el­ou a mim mes­ma. E quan­do ele disse que era meu maior fã, enten­di que não era só por mim como mul­her, mas por tudo que eu podia ser.

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