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    Cover of Verity (Colleen Hoover)
    Novel

    Verity (Colleen Hoover)

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    Capí­tu­lo 24 mar­ca um pon­to de tran­sição silen­cioso, mas sig­ni­fica­ti­vo, nas nos­sas vidas. Sete meses se pas­saram des­de a morte de Ver­i­ty, e mui­ta coisa mudou nesse tem­po. Emb­o­ra a dor da per­da ain­da assom­bre, espe­cial­mente para Crew e Jere­my, con­seguimos encon­trar uma nova roti­na em meio à saudade. Saí para Man­hat­tan no mes­mo dia em que ela fale­ceu, evi­tan­do com­pli­cações desnecessárias e per­mitin­do que Jere­my lidasse com o luto de for­ma pri­va­da. Rece­bi a aprovação dos argu­men­tos para três romances, e o primeiro ras­cun­ho foi entregue recen­te­mente. Pedi mais tem­po para os próx­i­mos livros, pois uma bebê está a cam­in­ho, e a chega­da dela vai alter­ar nos­sa dinâmi­ca por com­ple­to.

    Jere­my tem se mostra­do um par­ceiro admiráv­el em todos os sen­ti­dos. O apoio dele com Crew e com a gravidez tem sido con­stante e caloroso. Ficar grávi­da nova­mente nos pegou de sur­pre­sa, mas aceita­mos esse novo capí­tu­lo como uma opor­tu­nidade de cura. Mes­mo após tan­ta dor, Jere­my mostrou que a per­da não apa­ga a capaci­dade de amar de novo. Ele me liga todos os dias durante min­ha breve esta­dia em Man­hat­tan, e quan­do pediu para eu voltar, não hes­itei. Des­de então, não nos sep­a­ramos mais. Vive­mos cada momen­to com inten­si­dade, sem rotu­lar nos­sa relação — ape­nas vive­mos, e isso tem sido sufi­ciente.

    Mudamos para a Car­oli­na do Norte e recomeçamos. Com os recur­sos vin­dos dos livros e o seguro de vida de Ver­i­ty, com­pramos uma casa de frente para o mar em South­port. As noites no deque, obser­van­do as ondas com Crew entre nós, se tornaram rit­u­ais que nos anco­ram. Essa nova casa rep­re­sen­ta mais do que um endereço — é um refú­gio emo­cional, onde con­struí­mos lem­branças novas, mais leves, mais nos­sas. Crew vai ter uma irmã, e emb­o­ra não seja sua família orig­i­nal, ele parece estar encon­tran­do segu­rança nes­sa nova estru­tu­ra. Jere­my fre­quente­mente expres­sa sua gratidão por nos­sa pre­sença, e jun­tos for­mamos uma família que, ape­sar das per­das, flo­resce.

    Crew foi matric­u­la­do na ter­apia, mes­mo com as dúvi­das de Jere­my. Eu insis­to que isso será bené­fi­co — a ter­apia me aju­dou muito quan­do cri­ança, e acred­i­to que dará a ele fer­ra­men­tas emo­cionais para lidar com o pas­sa­do. Cri­ar novas memórias é nos­so com­pro­mis­so com ele. Temos con­sciên­cia de que algu­mas cica­trizes talvez nun­ca desa­pareçam, mas podem ser suavizadas com afe­to con­stante. Jere­my, mes­mo com suas reser­vas, está envolvi­do no proces­so. Ele entende que curar não é apa­gar o que acon­te­ceu, mas trans­for­mar a dor em algo suportáv­el — talvez até em algo que nos ensine.

    Hoje volta­mos à anti­ga casa. O ambi­ente está car­rega­do, como se as pare­des guardassem cada sus­sur­ro de um pas­sa­do não resolvi­do. Com o par­to se aprox­i­man­do, era a últi­ma chance de empa­co­tar tudo antes que via­gens lon­gas se tornem inviáveis. As ofer­tas pela casa chegaram, e não fazia sen­ti­do adi­ar mais essa des­pe­di­da. No fun­do, sabíamos que era necessário esse fechamen­to — tan­to emo­cional quan­to práti­co. Per­cor­rer os cômo­d­os é como atrav­es­sar ecos de tudo o que foi vivi­do ali. Cada can­to car­rega algo que pre­cisa ser deix­a­do para trás com respeito.

    O escritório foi o espaço mais difí­cil de enfrentar. Era o lugar onde Ver­i­ty pas­sa­va a maior parte do tem­po escreven­do, onde sua pre­sença ain­da pare­cia viva entre papéis, ano­tações e pequenos obje­tos pes­soais. Revis­tar esse cômo­do trouxe à tona muitas emoções, algu­mas ines­per­adas, out­ras inevitáveis. Havia gave­tas tran­cadas, doc­u­men­tos anti­gos, até man­u­scritos inacaba­dos. Em meio a tudo isso, encon­trei pedaços da mul­her que ela foi — com­plexa, con­tra­ditória, e, em alguns momen­tos, incom­preen­di­da. A decisão de seguir adi­ante exigiu cor­agem, e limpar aque­le espaço foi, para­doxal­mente, um ato de amor, não de esquec­i­men­to.

    Ao lon­go dessa jor­na­da, apren­demos que nem toda per­da pre­cisa nos definir. A vida con­tin­ua, não porque esque­ce­mos, mas porque escol­he­mos lem­brar com mais lev­eza. Jere­my, Crew e eu seguimos em frente — não para apa­gar o que acon­te­ceu, mas para hon­rar a chance de recomeçar. Em breve, nos­sa bebê chegará, trazen­do ain­da mais sen­ti­do para tudo o que super­amos. O luto nun­ca desa­parece por com­ple­to, mas ele pode coex­i­s­tir com a esper­ança. E é nes­sa con­vivên­cia que encon­tramos nos­sa força. Porque, mes­mo depois de tudo, o amor ain­da nos move.

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