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    Cover of Verity (Colleen Hoover)
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    Verity (Colleen Hoover)

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    Capí­tu­lo 23 começa com uma atmos­fera ten­sa, quase opres­si­va, enquan­to espero que Jere­my ter­mine de ler o man­u­scrito. A casa, antes cheia de vida, ago­ra parece imer­sa em um silên­cio pro­fun­do, uma cal­ma inqui­etante que só aumen­ta a min­ha ansiedade. Em min­ha mente, surgem inúmeras questões: será que ele ain­da vai quer­er min­ha pre­sença depois de tudo o que desco­briu? Por tan­to tem­po, man­tive o seg­re­do sobre o man­u­scrito, e ago­ra ten­ho medo de que a ver­dade, emb­o­ra necessária, ten­ha destruí­do tudo entre nós. E, claro, sei que a maior víti­ma aqui será Ver­i­ty — jamais será per­doa­da por suas ações, não impor­ta o quan­to Jere­my tente enten­der ou aceitar.

    Enquan­to os min­u­tos se arras­tam, ouço um som vin­do de cima, como se alguém tivesse bati­do em algo, e então o choro começa, suave, mas angus­tiante. É o tipo de dor que trans­parece em cada sus­piro, e eu pos­so sen­tir em min­ha própria pele. Jere­my deve estar em choque, proces­san­do cada palavra do que leu, e ten­ho certeza de que ele deve ter pula­do para as partes mais dolorosas — as ver­dades sobre o que real­mente acon­te­ceu com Harp­er. As por­tas se abrem, e Jere­my aparece no mon­i­tor, olhan­do para Ver­i­ty, como se estivesse ten­tan­do enten­der o que não podia acred­i­tar.

    Ao ver o con­fron­to entre eles, a ten­são se tor­na palpáv­el. Jere­my está prestes a perder o con­t­role, a rai­va e a dor trans­bor­dan­do em cada palavra que ele diz. A ameaça de lig­ar para a polí­cia paira no ar, mas Ver­i­ty, com seu olhar impassív­el, se recusa a admi­tir a ver­dade. Ela ten­ta resi­s­tir, mas Jere­my não está mais dis­pos­to a per­mi­tir que ela se escon­da por trás de men­ti­ras. O silên­cio do quar­to é inter­rompi­do pelo som de um soco na por­ta — uma explosão de rai­va que mal con­segue ser con­ti­da. A ten­são entre eles cresce, e as palavras tro­cadas são tão afi­adas quan­to lâmi­nas, cor­tan­do o que resta­va de con­fi­ança entre o casal.

    O con­fron­to se inten­si­fi­ca, e a cena no quar­to se tor­na mais caóti­ca. Jere­my, toma­do pela dor e pela traição, aca­ba usan­do força para ten­tar domar Ver­i­ty. Ela ten­ta fugir, mas ele não a deixa. O mon­i­tor, ago­ra uma janela para a bru­tal­i­dade do momen­to, cap­ta cada movi­men­to, cada sus­piro de uma luta que nun­ca dev­e­ria ter acon­te­ci­do. A situ­ação se tor­na tão ten­sa que a lin­ha entre rai­va e deses­pero começa a se bor­rar. Ao ten­tar inter­vir, vejo que Jere­my, per­di­do em sua dor, está dis­pos­to a come­ter um ato irre­ver­sív­el. As palavras de Jere­my, “Você matou nos­sa fil­ha, Ver­i­ty”, são ditas com tan­ta amar­gu­ra que ressoam no ar como uma sen­tença de morte.

    O hor­ror do que acon­tece a seguir é quase insu­portáv­el. Eu me vejo ten­tan­do impedir Jere­my, mas min­ha mente e cor­po estão par­al­isa­dos pela gravi­dade da situ­ação. Ten­to inter­vir, mas as palavras saem hes­i­tantes, como se eu estivesse ten­tan­do agar­rar algo que já esta­va per­di­do. Jere­my está tão con­sum­i­do pela dor que não con­segue ouvir min­ha voz. Ele está pron­to para destru­ir tudo, até mes­mo o futuro dele e de Crew, por causa da rai­va que tomou con­ta dele. O silên­cio depois da luta é pesa­do, quase ensur­de­ce­dor. O ar está car­rega­do de uma ten­são quase palpáv­el, e então, final­mente, tudo parece parar.

    Ater­ror­iza­da, perce­bo que, de algu­ma for­ma, me envolvi em algo irre­ver­sív­el. A ideia de que ajudei a tirar uma vida me con­some. Jere­my, emb­o­ra abal­a­do, não parece com­preen­der com­ple­ta­mente o que fez. Ele ain­da não proces­sou a mag­ni­tude do que ocor­reu. E eu, ao con­trário, me vejo ten­tan­do encon­trar algu­ma for­ma de jus­ti­ficar o que acabamos de faz­er. O que vimos, o que fomos força­dos a faz­er, não é algo que pos­sa ser facil­mente apa­ga­do. As memórias de uma noite de decisões deses­per­adas con­tin­uarão a nos assom­brar.

    Jere­my, em um esta­do de choque, começa a se mover mecani­ca­mente, enquan­to eu fico para­da, com­ple­ta­mente par­al­isa­da, ten­tan­do com­preen­der o que real­mente acon­te­ceu. As palavras de con­so­lo que eu que­ria diz­er pare­cem inad­e­quadas diante do vazio que paira entre nós. Em meio a esse tur­bil­hão de emoções, somos força­dos a encar­ar a real­i­dade de que nos­sas vidas jamais serão as mes­mas nova­mente. Tudo o que con­struí­mos até aque­le pon­to desmoro­nou em um úni­co momen­to.

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