Header Image
    Cover of Verity (Colleen Hoover)
    Novel

    Verity (Colleen Hoover)

    by

    Capítulo 19

    A segunda rodada foi no chuveiro, meia hora depois. Nossas mãos passeavam por nossos corpos, as duas bocas eram uma só, e logo ele estava dentro de mim de novo, eu com as mãos apoiadas na parede enquanto ele me penetrava debaixo d’água.
    Ele gozou nas minhas costas e depois me lavou.

    Estamos na cama agora. São quase três da manhã e sei que em breve ele vai voltar para o quarto dele. Mas não quero que vá. Estar com ele foi exatamente como eu imaginei e, de certa forma, só me sinto bem nesta casa quando estou em seus braços. Ele me deixa segura, mesmo que não saiba dos perigos que nos rondam.

    Seu braço me envolve e estou aconchegada, deitada em seu peito. Seus dedos perambulam pelo meu braço. Estamos fazendo perguntas um ao outro para evitar que o sono chegue. Agora as perguntas ficaram mais pessoais: ele quer saber como foi meu último relacionamento.

    — Foi superficial.
    — Por quê?
    — Não sei nem se era um relacionamento — respondo. — A gente definia assim, mas era apenas sexo. Não nos encaixávamos na vida um do outro fora da cama.
    — E quanto tempo durou?
    — Um bom tempo — respondo, levantando e olhando para ele. — Era com o Corey, meu agente.

    Os dedos de Jeremy param em meu braço.
    — Aquele agente que eu conheci?
    — É.
    — E ele ainda é seu agente?
    — Ele é um ótimo agente.

    Volto a deitar a cabeça em seu peito e os dedos de Jeremy voltam a perambular em meu braço.
    — Fiquei com um pouco de ciúmes — diz.

    Eu rio porque sinto que ele também está rindo. Há um momento de silêncio e então pergunto algo sobre o qual estava curiosa.
    — E como era seu relacionamento com Verity?

    Jeremy dá um suspiro que faz minha cabeça se mover em seu peito. Então ele me coloca no travesseiro e se deita de lado, para olhar nos meus olhos.
    — Vou responder à sua pergunta, mas não quero que tenha uma impressão ruim de mim.
    — Não terei — prometo, balançando a cabeça.

    — Eu a amava. Era a minha esposa. Mas às vezes eu tinha a impressão de que a gente não se conhecia de verdade. Morávamos juntos, mas era como se nossos mundos não estivessem conectados. — Ele leva a mão aos meus lábios, tocando-os com a ponta dos dedos. — Tinha uma atração louca por ela, o que imagino que você não queira ouvir, mas é verdade. Nossa vida sexual era ótima. Mas o resto… Não sei. No início eu achava que faltava alguma coisa, mas fiquei com ela, casei e comecei uma família porque achava que aquela conexão mais profunda estava prestes a acontecer. Achava que ia acordar um dia, olhar para ela e tudo faria sentido, como se o pedaço que faltava no quebra-cabeça fosse aparecer.

    Eu percebi que ele disse que a amava, no passado.
    — E você sentiu essa conexão em algum momento, afinal?
    — Não, não do jeito que eu imaginava. Mas senti algo parecido com isso, uma espécie de intensidade que me mostrou que a conexão pode vir a existir.
    — E quando foi isso?
    — Foi há algumas semanas — diz, cauteloso. — No banheiro de uma cafeteria, com uma mulher que não era a minha.

    Ele me beija assim que termina de dizer essa frase, como se não quisesse que eu reagisse. Talvez esteja se sentindo culpado por dizer isso. Culpado por sentir uma conexão momentânea comigo depois de anos tentando sentir a mesma coisa com a mulher.

    Ainda que ele tenha evitado minha reação àquela confissão, posso sentir algo crescendo dentro de mim. É como se aquelas palavras entrassem e se expandissem em meu peito. Ele me puxa para mais perto e fecho os olhos, aninhada em seu peito. Não falamos mais nada e caímos no sono.

    Acordo duas horas depois, com a voz dele em meu ouvido.
    — Merda. — Ele senta na cama e puxa as cobertas com ele. — Merda.

    Esfrego os olhos e me deito de costas.
    — O que houve?
    — Eu não queria cair no sono. — Jeremy levanta e começa a pegar as roupas. — Não posso estar aqui quando Crew acordar.

    Ele me dá dois beijos e caminha até a porta. Vira a chave e depois puxa a maçaneta.
    A porta não se mexe.

    Ele gira a maçaneta enquanto eu me sento na cama, cobrindo os seios com o lençol.
    — Merda — diz novamente. — A porta está emperrada.

    Algo se esvai dentro de mim. De repente, todo o prazer da noite passada se foi. Estou de volta à situação de me sentir destruída dentro desta maldita casa.

    Balanço a cabeça, mas Jeremy está olhando para a porta.
    — Não está emperrada — digo em voz baixa. — Está trancada. Pelo lado de fora.

    Jeremy se vira para mim, seu rosto começando a ficar preocupado. Ele tenta puxar a porta com ambas as mãos. Quando se dá conta de que estou certa, e que a porta está trancada por fora, começa a bater nela. Continuo onde estou, apavorada com o que ele pode encontrar quando a porta finalmente se abrir.

    Jeremy tenta de tudo para abrir a porta, até que resolve começar a chamar por Crew.
    — Crew! — grita, batendo na porta.

    E se ela o levou embora?
    Não sei se ela faria isso. Ela nem gosta dos filhos. Mas gosta de Jeremy. Ela ama Jeremy. Se Verity sabia que ele estava no quarto comigo, pode ter levado Crew por vingança.

    Jeremy ainda não está pensando nisso. Na cabeça dele, Crew está pregando uma peça na gente. Ou a fechadura trancou acidentalmente quando ele fechou a porta ontem à noite. Essas são as únicas explicações possíveis para ele. Neste momento, está aborrecido, mas não preocupado.

    Ele olha para o relógio na cabeceira e bate à porta novamente.
    — Crew, abra a porta! — Ele apoia a testa na porta. — April vai chegar em breve — diz, em voz baixa. — Ela não pode nos encontrar aqui juntos.

    Essa é sua preocupação?
    Eu aqui pensando que a mulher dele raptou o filho no meio da noite, e ele preocupado que a enfermeira o flagre transando com a hóspede.

    — Jeremy?
    — O quê? — diz, ainda batendo na porta.
    — Sei que não acha isso possível, mas… você trancou a porta do quarto de Verity ontem?

    Ele faz uma pausa nas batidas.
    — Não me lembro — responde, cauteloso.
    — Se por algum motivo bizarro foi Verity que nos trancou… Crew talvez não esteja mais aqui.

    Quando ele me encara, seus olhos estão cobertos de medo. Num piscar de olhos, vai até o outro lado do quarto para abrir a janela. Ele consegue levantar, mas há dois painéis de vidro, e um deles não está abrindo. Sem hesitar, Jeremy pega uma das fronhas do travesseiro, enrola na mão e dá um soco no vidro. Chuta o que restou e sai pela janela.

    Alguns segundos depois, ouço-o abrir a porta do quarto por fora e seguir para a escada. Ele já está no quarto de Crew antes mesmo de eu conseguir sair do quarto principal. Depois, escuto Jeremy correndo pelo corredor até o quarto de Verity. Quando ele volta ao topo da escada, meu coração está saindo pela boca.

    Ele balança a cabeça e curva o corpo, segurando os joelhos, sem fôlego.
    — Eles estão dormindo.

    Ele se agacha, como se os joelhos não estivessem aguentando, e passa as mãos pelo cabelo.
    — Os dois estão dormindo — diz mais uma vez, aliviado.

    Estou aliviada. Mas não estou. Minha paranoia está começando a atingir Jeremy.
    Não estou ajudando nada ao levantar essas dúvidas.

    April chega pela porta de entrada segundos depois. Ela olha para mim e depois para Jeremy, agachado no topo da escada. Ele olha de relance e vê que April o encara.

    Jeremy se levanta, desce a escada, abre a porta e vai lá para fora, sem dirigir o olhar a mim ou a April.
    A enfermeira olha para mim e depois para a porta.
    Dou de ombros.
    — Jeremy teve uma noite difícil com Crew.

    Quotes

    FAQs

    Note